Em julho de 1789, uma máfia de zangados parisienses invadiu e destruíu a Bastilha, um ato que foi ao longo do tempo ( devido à impotência do Estado de seu rei, Louis XVI ) deflagrar uma das revoluções mais sangrentas da história. Liderados por Robespierre e outros homens do Iluminismo, o que começou como uma luta contra uma monarquia ineficaz terminou como uma fase na história conhecida como o Terror. O suspeitos de traoção a revolução eram mortos pela lâmina da guilhotina, incluindo o Rei e sua Rainha, Maria Antonieta. Quando o derramamento de sangue do Terror tinha cessado definitivamente, Robespierre ele próprio havia caído pela guilhotina e o povo da França foi capaz de se adaptar a um novo governo, sem o receio de perder a cabeça. Assim, Napoleão Bonaparte encontrou o seu caminho para Poder
O History Channel faz um trabalho muito bom em relatar a Revolução Francesa. O filme tem uma narração de Edward Herrmann, bem como comentários de vários historiadores franceses e americanos. Trata-se não só da revolução ao terror, mas da ascenção e morte de Louis XVI e de seu casamento com Maria Antonieta e como sua incompetência como um governante levou diretamente a queda da Bastilha e todos os que lhe seguiram. Também aborda as diferentes facções no seio dos revolucionários e como um grupo que escreveu "Os Direitos do Homem" caiu para endossar um Estado totalitário, em que ninguém foi capaz de manter estes direitos. Enquanto não há tempo para a abundância de detalhes, este documentário apresenta uma sólida descrição do que aconteceu e é uma boa base para estudar os pormenores da Revolução Francesa.
Músicos: John Coltrane - sax soprano (em "Olé") e sax tenor (em "Dahomey Dance" e "Aisha"); Eric Dolphy (creditado como "George Lane")[1] – flauta em "Olé" e "To Her Ladyship", sax alto em "Dahomey Dance" e "Aisha" Freddie Hubbard – trompete McCoy Tyner – piano Reggie Workman – baixo Art Davis – baixo em "Olé" e "Dahomey Dance" Elvin Jones – bateria.
Após dez anos de casamento, Lídia e Giovani passam uma noite permeada de momentos de angústia e luxúria, numa busca involuntária de respostas para a crise de seu relacionamento. Segundo filme da célebre trilogia da incomunicabilidade, dirigida por Michelangelo Antonioni e formada ainda por ''A Aventura'' e ''O Eclipse''.
Ficha Técnica: Título Original: La Notte Gênero: Drama Direção:Michelangelo Antonioni Roteiro:Michelangelo Antonioni, Ennio Flaiano, Tonino Guerra Produção:Emanuele Cassuto Design Produção:Piero Zuffi Música Original:Giorgio Gaslini Fotografia:Gianni Di Venanzo Edição: Eraldo Da Roma Maquiagem:Franco Freda, Simone Knapp, Mimí Chaperon, Amalia Paoletti Efeitos Sonoros:Claudio Maielli Pais:Itália, França
Elenco: Jeanne Moreau ....Lidia Marcello Mastroianni... Giovanni Pontano Monica Vitti... Valentina Gherardini Gitt Magrini... Sra. Gherardini Bernhard Wicki... Tommaso Garani Vincenzo Corbella ...Sr. Gherardini Rosy Mazzacurati... Rosy Maria Pia Luzi... Paciente Guido A. Marsan... Fanti Ugo Fortunati... Cesarino Giorgio Negro... Roberto Roberta Speroni... Beatrice
Prêmios: Festival Internacional de Berlim, Alemanha Prêmio Urso de Ouro (Michelangelo Antonioni) Prêmios David di Donatello, Itália David de Melhor Direção (Michelangelo Antonioni) Prêmios Jussi, Finlândia Diploma de Mérito (Jeanne Moreau) Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália Prêmio Fita de Prata de Melhor Diretor de Filme Italiano (Michelangelo Antonioni) Prêmio Fita de Prata de Melhor Atriz Coadjuvante (Monica Vitti) Prêmio Fita de Prata de Melhor Trilha Sonora
Julie Sawyer atropela acidentalmente um pastor alemão branco e acaba desenvolvendo uma afeição especial pelo animal depois que este a salva de um estuprador que invade sua residência. Aos poucos, ela percebe que o animal nutre uma agressividade incomum contra negros. Chega à conclusão de que foi intencionalmente adestrado para atacá-los e contrata um treinador para tentar reeducá-lo. O treinador tem uma razão pessoal para se dedicar com afinco ao treinamento, pois é negro. Porém, já se dedicara ao mesmo objetivo noutras oportunidades e todas foram falhas.
Ficha Técnica: Título Original: White Dog. Ano de Lançamento: 1982. Estúdio: Paramount Duração: 90 minutos Produtor: Jon Davison. Produção executiva: Edgar J. Scherick, Nick Vanoff. Produtor associado: Richard Hashimoto. Roteiro: Samuel Fuller e Curtis Hanson, baseado em conto de Romain Gary. Fotografia: Bruce Surtees (Metrocolor). Música: Ennio Morricone. Cenografia: Brian Eatwell , Barbara Krieger Montagem: Bernard Gribble.
Elenco: Kristy McNichol (Julie Sawyer), Paul Winfield (Keys), Burl Ives (Carruthers), Jameson Parker (Roland Gray), Lynne Moody (Molly), Martine Dawson (Martine), Bob Minor (Joe), Sam Laws (Charlie), Parley Baer (Wilber Hull), Karl Lewis Miller (agressor), Jamie L. Crowe (Theona), Christa Lang (enfermeira), Samantha Fuller (Helen),
Jim Braddock (Russell Crowe) era considerado um prodígio do boxe, mas foi obrigado a se aposentar prematuramente devido a uma série de derrotas no ringue. Com os Estados Unidos em meio à Grande Depressão, Jim aceita viver de bicos para poder sustentar sua esposa, Mae (Renée Zellweger), e os filhos. Jim sempre sonhou com a oportunidade de retornar ao mundo do boxe e tem sua chance quando, devido a um cancelamento de última hora, é escalado para enfrentar o 2º pugilista na disputa do título mundial. Para surpresa de todos Jim vence três lutas consecutivas, mesmo sendo bem mais magro que seus oponentes e tendo ferimentos nas mãos. Ele passa então a ganhar o apelido de "Cinderella Man" e se torna o símbolo de esperança dos desprivilegiados da época. Até que precisa enfrentar seu pior oponente: Max Baer (Craig Bierko), o atual campeão mundial dos pesos pesados, que já matou dois lutadores no ringue.
Ficha Técnica: título original:Cinderella Man gênero:Drama duração:02 hs 24 min ano de lançamento:2005 estúdio:Universal Pictures / Miramax Films / Imagine Entertainment / Parkway Productions distribuidora:Universal Pictures / Miramax Films / Buena Vista International direção: Ron Howard roteiro:Cliff Hollingsworth e Akiva Goldsman, baseado em estória de Cliff Hollingsworth produção:Brian Grazer, Ron Howard e Penny Marshall música:Thomas Newman fotografia:Salvatore Totino direção de arte:Peter Grundy e Dan Yarhi figurino:Daniel Orlandi edição:Daniel P. Hanley e Mike Hill efeitos especiais:& Company
Elenco: Russell Crowe (Jim Braddock) Renée Zellweger (Mae Braddock) Paul Giamatti (Joe Gould) Craig Bierko (Max Baer) Paddy Considine (Mike Wilson) Bruce McGill (Jimmy Johnston) David Huband (Ford Bond) Connor Price (Jay Braddock) Ariel Waller (Rosemarie Braddock) Patrick Louis (Howard Braddock) Rosemarie DeWitt (Sara Wilson) Linda Kash (Lucille Gould) Nicholas Campbell (Sporty Lewis) Gene Pyrz (Jake) Chuck Samata (Padre Rorick) Ron Canada (Joe Jeanette) Alicia Johnston (Alice) Troy Amos-Ross (John Henry Lewis) Mark Simmons (Art Lasky) Art Binkowski (Corn Griffin)
Curiosidades: Inicialmente seria Lasse Hallström o diretor de A Luta Pela Esperança. - Penny Marshall esteve cotada para dirigir A Luta Pela Esperança. - Este é o 2º filme em que o diretor Ron Howard e o ator Russell Crowe trabalham juntos. O anterior foi Uma Mente Brilhante(2001). - Russell Crowe contratou o ex-campeão mundial dos pesos pesados Joe Bugner para ajudá-lo no treinamento necessário para A Luta Pela Esperança. - Russell Crowe deslocou o ombro durante os treinamentos de boxe para seu personagem em A Luta Pela Esperança, o que fez com que as filmagens fossem adiadas por 2 meses. - Russell Crowe perdeu cerca de 22 quilos para atuar em A Luta Pela Esperança. Durante as filmagens seu peso era de 79 quilos. - Inicialmente o lançamento do filme nos cinemas americanos estava previsto para dezembro de 2004. - Os oponentes de Jim Braddock em A Luta Pela Esperançaforam treinados por profissionais do boxe, que os instruíam a dar seus golpes o mais próximo possível do corpo de Russell Crowe. Esta recomendação fez com que em certos momentos os golpes acertassem diretamente Crowe, o que fez com que o ator tivesse várias contusões e um dente quebrado durante as filmagens.- Rosemarie DeWitt, que no filme interpreta a vizinha Sara Wilson, é a neta do verdadeiro Jim Braddock. - Apesar das críticas elogiosas por parte da imprensa americana na época do seu lançamento, em 3 de junho, o filme arrecadou pouco mais de US$ 49 milhões em suas 4 primeiras semanas de exibição. Por causa disto a rede de cinemas AMC fez uma promoção em que dizia que devolveria o dinheiro dos espectadores que assistissem ao filme e não gostassem dele. - O orçamento de A Luta Pela Esperança foi de US$ 88 milhões
Tracks: 01 Skin It Back 02 Fat Man In A Bathtub 03 Oh Atlanta 04 Day At The Dog Races 05 All That You Dream 06 Old Folks Boogie 07 Dixie Chicken 08 Tripe Face Boogie 09 Feats Don't Fail Me Now 10 Willin' 11 Rocket In My Pocket
Neste thriller de ação baseado no romance de mesmo nome, de Barry Eisler, um veterano das forças especiais (John Rain), agora um assassino profissional, é encarregado de assassinar funcionários do governo fazendo com que as mortes pareçam naturais. Mas quando um funcionário da CIA, em Tóquio, o encarrega de matar a filha de um alvo recente,John Rain decide proteger a garota. E é aí que as coisas se complicam.
Ficha Técnica Título no Brasil: Chuva de Outono Título Original: Rain Fall Gênero: Ação Classificação etária: 15 anos Tempo de Duração: 111 min País de Origem: Japão Ano de lançamento: 2009 Direção: Max Mannix
Elenco Kippei Shiina ... John Rain Gary Oldman ... Holtzer Kyoko Hasegawa ... Midori Misa Shimizu ... Yuko Takumi Bando ... Ken Akira Emoto ... Tatsu
Nós que aqui estamos por vós esperamos é um documentário brasileiro de 1998, dirigido por Marcelo Masagão. Leitura cinematográfica da obra Era dos Extremos, do historiador britânico Eric Hobsbawm, a produção mostra, através da montagem das imagens produzidas no século XX e da música composta por Wim Mertens, o período de contrastes entre um mundo que se envolve em dois grandes conflitos internacionais, a banalização da violência, o desenvolvimento tecnológico, a esperança e a loucura das pessoas. O título do filme vem do letreiro disposto em um cemitério localizado na cidade de Paraibuna, no interior do Estado de São Paulo, onde se lê a mesma frase. Foi premiado no Festival de Gramado em 2000 por sua montagem e no Festival do Recife como melhor filme, melhor roteiro e melhor montagem. Sua produção custou cerca de 140 mil reais, sendo 80 mil direcionados somente para o pagamento de direitos autorais de imagens e fragmentos de vídeos.
Ficha Técnica: título original: Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos gênero: Documentário duração: 01 hs 13 min ano de lançamento: 1998 estúdio:Riofilme direção: Marcelo Masagão roteiro:Marcelo Masagão produção:Marcelo Masagão música:Wim Mertens fotografia:Marco Túlio Guglielmoni edição:Marcelo Masagão
Um garoto nasce em pleno alto-mar, ganhando o nome do ano em que nasceu: 1900. A criança cresce num mundo encantado de fortes ventos tempestuosos e cobertas balançando, conhecendo toda a existência disponível a seu toque nos confins do transatlântico em que nasceu. Já crescido, seu talento natural no piano chama a atenção da lenda do jazz Jelly Roll Morton, que sobe a bordo para desafiar 1900 para um duelo. Indiferente com sua súbita notoriedade, 1900 mantém uma fixação pelo mar, sendo sempre seduzido pelos sons do oceano.
Ficha Técnica: título original:The Legend of 1900 / La Leggenda del pianista sull'oceano gênero:Drama duração:01 hs 56 min ano de lançamento:1998 estúdio:Medusa Produzione / Sciarlò distribuidora:Medusa Distribuzione / Fine Line Features direção: Giuseppe Tornatore roteiro:Giuseppe Tornatore, baseado em monólogo de Alessandro Baricco produção:Francesco Tornatore música:Ennio Morricone e Roger Waters fotografia:Lajos Koltai direção de arte: figurino:Maurizio Millenotti edição:Massimo Quaglia efeitos especiais:Men in White Coats / The Computer Film Company / Interactive Milan / Corridori
Elenco: Tim Roth .... 1900 Pruitt Taylor Vince .... Max Tooney Mélanie Thierry .... garota Bill Nunn .... Danny Boodmann Clarence Williams III .... Jelly Roll Morton Peter Vaughan .... Pops, dono da loja de música Niall O'Brien .... chefe Alberto Vasquez .... maquinista mexicano Noriko Aida
O filme faz uma retrospectiva histórica da Itália desde o início do século 20 até o fim da Segunda Guerra Mundial, focando as vidas de duas pessoas: Olmo (Gérard Depardieu), filho bastardo de camponeses, e Alfredo (Robert De Niro), herdeiro de uma rica família de latifundiários. Apesar da amizade desde a infância, a origem social fala mais alto e os coloca em pólos política e ideologicamente antagônicos. O pano de fundo é o intenso cenário político da época, com o fortalecimento do fascismo e, em oposição, as lutas trabalhistas ligadas ao socialismo.
Ficha Técnica: Direção: Bernardo Bertolucci Produção: Alberto Grimaldi Fotografia: Vittorio Storaro Trilha Sonora: Ennio Morricone Título no Brasil: 1900 de Bertolucci Título Original: Novecento / 1900 País de Origem: Itália / França / Alemanha Gênero: Drama/Épico Tempo de Duração: 315 minutos Ano de Lançamento:1976 Elenco Robert De Niro ... Alfredo Berlinghieri Gérard Depardieu ... Olmo Dalco Dominique Sanda ... Ada Fiastri Paulhan Francesca Bertini ... irmã Desolata Laura Betti ... Regina Werner Bruhns ... Ottavio Berlinghieri Stefania Casini ... Neve Sterling Hayden ... Leo Dalco Anna Henkel ... Anita Ellen Schwiers ... Amelia Alida Valli ... Signora Pioppi Romolo Valli ... Giovanni Bianca Magliacca Giacomo Rizzo ... Rigoletto Pippo Campanini ... Don Tarcisio Burt Lancaster Donald Sutherland
Nos dias atuais um cineasta é misteriosamente enviado ao museu Hermitage, em São Petersburgo, no ano de 1700. Lá ele encontra um diplomata francês do século XIX, com quem inicia uma jornada pela história da Rússia entre os séculos XVIII e XXI.
Ficha Técnica: título original:Russkij Kovcheg gênero:Drama duração:01 hs 37 min ano de lançamento:2002 estúdio:Fora Film / Egoli Tossell Film AG / The Hermitage Bridge Studio distribuidora:Wellspring Media / Mais Filmes direção: Aleksandr Sokurov roteiro:Boris Khaimsky, Anatoli Nikiforov, Svetlana Proskurina e Aleksandr Sokurov produção:Andrei Deryabin, Jens Meuer, Jens Meurer e Karsten Stöter música:Sergei Yevtushenko fotografia:Tilman Büttner direção de arte:Natalya Kochergina e Yelena Zhoukova figurino:Maria Grishanova, Lidiya Kryukova e Tamara Seferyan edição:Stefan Ciupek, Sergei Ivanov e Betina Kuntzsch
Elenco: Sergei Dontsov (Estranho) Mariya Kuznetsova (Catarina, a Grande) Leonid Mozgovoy (Espião) David Giorgobiani (Orbeli) Aleksandr Chaban (Boris Piotrovsky) Maksim Sergeyev (Pedro, o Grande) Anna Aleksakhina (Alexandra Fyodorovna) Konstantin Anisimov (Primeiro cavaleiro) Aleksei Barabash (Segundo cavaleiro) Vladimir Baranov (Nicolau II) Valentin Bukin (Oficial militar) Kirill Dateshidze (Mestre de cerimônias) Yuli Zhurin (Nicolau I) Natalya Nikulenko (Catarina)
Curiosidades: A idéia de rodar Arca Russanasceu 15 anos antes das filmagens, sendo que o período de preparação para as filmagens durou 7 meses.- Foi rodado em plano-sequência único, que dura 97 minutos e atravessa 35 salas do museu Hermitage, de São Petersburgo. - Foi rodado em apenas um dia, em 23 de dezembro de 2001.- Para as filmagens de Arca Russaforam usados mais de 3 mil figurantes.
O que o poeta quer dizer no discurso não cabe e se o diz é pra saber o que ainda não sabe.
Uma fruta uma flor um odor que relume... Como dizer o sabor, seu clarão seu perfume?
Como enfim traduzir na lógica do ouvido o que na coisa é coisa e que não tem sentido?
A linguagem dispõe de conceitos, de nomes mas o gosto da fruta só o sabes se a comes
só o sabes no corpo o sabor que assimilas e que na boca é festa
de saliva e papilas invadindo-te inteiro tal do mar o marulho e que a fala submerge e reduz a um barulho,
um tumulto de vozes de gozos, de espasmos, vertiginoso e pleno como são os orgasmos
No entanto, o poeta desafia o impossível e tenta no poema dizer o indizível:
subverte a sintaxe implode a fala, ousa incutir na linguagem densidade de coisa sem permitir, porém, que perca a transparência já que a coisa ë fechada à humana consciência.
O que o poeta faz mais do que mencioná-la é torná-la aparência pura — e iluminá-la.
Toda coisa tem peso: uma noite em seu centro. O poema é uma coisa que não tem nada dentro,
a não ser o ressoar de uma imprecisa voz que não quer se apagar — essa voz somos nós.
Poema extraído dos “Cadernos de Literatura Brasileira”, editados pelo Instituto Moreira Salles — São Paulo, nº 6, setembro de 1998, pág. 77.
Não existe ocupação tão agradável como o saber; o saber é o meio de nos dar a conhecer, ainda neste mundo, o infinito da matéria, a imensa grandeza da Natureza, os céus, as terras e os mares. O saber ensinou-nos a piedade, a moderação, a grandeza do coração; tira-nos as nossas almas das trevas e mostra-nos todas as coisas, o alto e o baixo, o primeiro, o último e tudo aquilo que se encontra no meio; o saber dá-nos os meios de viver bem e felizmente; ensina-nos a passar as nossas vidas sem descontentamento e sem vexames.
Cícero
"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás de passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem número, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio, mas isso te custaria a tua própria pessoa: tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Aonde leva? Não perguntes, segue-o!"
Friedrich Nietzsche
loucura? olha, ele disse, admita. o quê? perguntei. quando você vê aquela gorda no supermercado que está escolhendo laranjas, não se sente a fim de ir lá e espremer aquelas ancas feias bem forte apenas para ouvi-la gritar? do que diabos você está falando, cara? perguntei. e quando o garçom te traz teu jantar, não pensa por um instante que poderia matá-lo? não antes do jantar, respondi. o que estou querendo dizer com isso, ele continuou, é que há uma linha muito tênue entre o que chamamos sanidade e o que chamamos loucura e que o esforço que fazemos para permanecer no lado são só é feito para que não sejamos punidos pela sociedade. senão, iríamos frequentemente cruzar essa linha e as coisas seriam muito mais interessantes eu não sei do que diabos você está falando, cara, eu disse a ele. ele apenas suspirou, me olhou e disse, deixa pra lá, amigo.
Charles Bukowski
Eternidade
De novo me invade. Quem? – A Eternidade. É o mar que se vai Como o sol que cai.
Alma sentinela, Ensina-me o jogo Da noite que gela E do dia em fogo.
Das lides humanas, Das palmas e vaias, Já te desenganas E no ar te espraias.
De outra nenhuma, Brasas de cetim, O Dever se esfuma Sem dizer: enfim.
Lá não há esperança E não há futuro. Ciência e paciência, Suplício seguro.
De novo me invade. Quem? – A Eternidade. É o mar que se vai Com o sol que cai.
Arthur Rimbaud
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.
Traduzir-se uma parte na outra parte - que é uma questão de vida ou morte - será arte?
Ferreira Gullar
O AUTO-RETRATO
No retrato que me faço - traço a traço - às vezes me pinto nuvem, às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas de que nem há mais lembrança... ou coisas que não existem mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco - pouco a pouco - minha eterna semelhança,
no final, que restará? Um desenho de criança... Corrigido por um louco!
Mario Quintana
Sou homem: duro pouco e é enorme a noite. Mas olho para cima: as estrelas escrevem. Sem entender compreendo: Também sou escritura e neste mesmo instante alguém me soletra.
Octavio Paz
Pessoas me deram imenso prazer, em vários sentidos, mas concordo com Proust que relações humanas são essencialmente fraudulentas. Sempre se quer dos outros aquilo que não podem dar, e eles reciprocam, cobrando também de nós o intangível. Bom humor, civilização, o que chamamos de civilização, ou seja, que a vida é um compromisso, que temos de equilibrar o que queremos com o que cedemos, é o caminho para a sobrevivência tolerável.
Paulo Francis
"O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo. "
"Eu não sou exigente, eu me contento com o que há de melhor."
Winston Churchill
"...Ouve, amigo, o bom conselho: Antes que te esfacelem os pensares do coração, e antes que o manto sombrio da noite apague os últimos clarões do entardecer, traze para tua alcova o vinho cor-de-rosa... Companheiro! Aproveita esses instantes fugazes para mergullhar nos prazeres da vida, para esquecer nas delícias do amor!... Traze a taça, pois esta noite certamente findará...
Omar Khayyám
Balada do Enterrado Vivo
Na mais medonha das trevas Acabei de despertar Soterrado sob um túmulo. De nada chego a lembrar Sinto meu corpo pesar Como se fosse de chumbo. Não posso me levantar Debalde tentei clamar Aos habitantes do mundo. Tenho um minuto de vida Em breve estará perdida Quando eu quiser respirar. Meu caixão me prende os braços. Enorme, a tampa fechada Roça-me quase a cabeça. Se ao menos a escuridão Não estivesse tão espessa! Se eu conseguisse fincar Os joelhos nessa tampa E os sete palmos de terra Do fundo à campa rasgar! Se um som eu chegasse a ouvir No oco deste caixão Que não fosse esse soturno Bater do meu coração! Se eu conseguisse esticar Os braços num repelão Inda rasgassem-me a carne Os ossos que restarão! Se eu pudesse me virar As omoplatas romper Na fúria de uma evasão Ou se eu pudesse sorrir Ou de ódio me estrangular E de outra morte morrer!
Mas só me resta esperar Suster a respiração Sentindo o sangue subir-me Como a lava de um vulcão Enquanto a terra me esmaga O caixão me oprime os membros A gravata me asfixia E um lenço me cerra os dentes! Não há como me mover E este lenço desatar Não há como desmanchar O laço que os pés me prende! Bate, bate, mão aflita No fundo deste caixão Marca a angústia dos segundos Que sem ar se extinguirão! Lutai, pés espavoridos Presos num nó de cordão Que acima, os homens passando Não ouvem vossa aflição! Raspa, cara enlouquecida Contra a lenha da prisão Pesando sobre teus olhos Há sete palmos de chão! Corre mente desvairada Sem consolo e sem perdão Que nem a prece te ocorre À louca imaginação! Busca o ar que se te finda Na caverna do pulmão O pouco que tens ainda Te há de erguer na convulsão Que romperá teu sepulcro E os sete palmos de chão: Não te restassem por cima Setecentos de amplidão!
Vinicius de Moraes
pelos caminhos que ando um dia vai ser só não sei quando
Pergunte ao pó Cresce a vida Cresce o tempo Cresce tudo E vira sempre Esse momento Cresce o ponto Bem no meio Do amor seu centro Assim como O que a gente sente E não diz Cresce dentro Razão de Ser Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso, Preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê? Retrato de lado retrato de frente de mim me faça ficar diferente Segundo consta O mundo acabando, Podem ficar tranquilos. Acaba voltando Tudo aquilo. Reconstruam tudo Segundo a planta dos meus versos. Vento, eu disse como. Nuvem, eu disse quando. Sol, casa, rua, Reinos, ruínas, anos, Disse como éramos. Amor, eu disse como. E como era mesmo? Sem Budismo Poema que é bom acaba zero a zero. Acaba com. Não como eu quero. Começa sem. Com, digamos, certo verso,
veneno de letra, bolero, Ou menos. Tira daqui, bota dali, um lugar, não caminho. Prossegue de si. Seguro morreu de velho, e sozinho.
Paulo Leminski
"O homem que se vende recebe sempre mais do que vale."
"Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem."
"Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância."
"O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato."
"A única coisa que a gente leva dessa vida é a vida que a gente leva."
Barão de Itararé (Apparício Torelly)
O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa nenhuma. Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.
Nelson Rodrigues
Passam os séculos, os homens, as repúblicas, as paixões; a história faz-se dia por dia, folha a folha; as obras humanas alteram-se, corrompem-se, modificam-se, transformam-se. Toda a superfície civilizada da terra é um vasto renascer de coisas e idéias. Machado de Assis
Vida
Como nuvens pelo céu
Passam os sonhos por mim.
Nenhum dos sonhos é meu
Embora eu os sonhe assim.
São coisas no alto que são
Enquanto a vista as conhece,
Depois são sombras que vão
Pelo campo que arrefece.
Símbolos? Sonhos? Quem torna
Meu coração ao que foi?
Que dor de mim me transtorna?
Que coisa inútil me dói?