sábado, 25 de setembro de 2010

Os discos de vinil continuam 'cool'

Boa notícia para os amantes do vinil

The New York Times

No auge dos downloads digitais, a venda de LPs está crescendo




O número de fanáticos por discos de vinil é difícil de se mensurar, mas é certo que estão crescendo, junto com as vendas dos discos. Em 2008, 1,88 milhão de discos foram comprados, mais do que em qualquer ano em que a empresa Nielsen SoundScan começou a contabilizar as vendas, quase vinte anos atrás.

Esses números podem ser pequenos em comparação ao volume de downloads de música digital durante o mesmo período. No entanto, o pessoal da SoundScan não estava sozinho ao notar que uma geração criada em MP3 players ultimamente tem caído nas graças dos discos long-play, a tecnologia charmosamente antiquada que era o principal meio de reprodução de música em casa durante a maior parte do século passado.
Grandes lojas de varejo como a Urban Outfitters tomaram nota e agora vendem discos de vinil. A galeria Gagosian pegou o mercado em expansão e tem discos de vinil com capa desenhada por artistas em seu endereço no Upper East Side.
O designer de roupas masculinas John Varvatos, colecionador cujo acervo pessoal tem por volta de 15.000 títulos, começou cedo nos discos; sua loja em um prédio da Bowery já abrigou estoques da casa de show CBGB e alguns dos mais desejados vinis antigos da cidade. A maioria dos achados de Varvatos são descobertos na internet, disse ele, ressaltando que a navegação na web ainda não oferece os prazeres táteis do “binning” – gastar algumas horas folheando álbuns em caixotes de leite.

Feira - Foi como um caçador de tesouros nos moldes de Varvatos que deixei a luz do verão no domingo passado para descer à escuridão do purgatório da Vault no One Hanson Place, no Brooklyn. Lá, em câmaras subterrâneas, cerca de 30 comerciantes de vinil, convidados pelo Brooklyn Flea, tinham montado suas mesas dobráveis e levado suas caixas para fora de casa.

Não foi a maior feira de vinil, nem mesmo a maior da semana (que, provavelmente, é a Faire Long Island Music Lover’s). Mas a versão do Brooklyn tinha um sabor distinto. Entre os fornecedores estava um editor sênior do The Huffington Post, dois caras da Other Music, uma maravilhosa loja de discos indie, uma educadora infantil com uma loja de rock psicodélico, e Bill Yawiem, de 55 anos, cuja recente mudança de uma casa para um apartamento o obrigou à difícil decisão de se desfazer de parte de seu acervo.

“Já era tempo de peneirar um pouco”, comentou Yawien, buscando em seu tesouro de discos antigos, bolachas do Cream, Jimi Hendrix, Jefferson Airplane e Mothers of Invention e também outros tão obscuros que, para qualquer pessoa jovem, os títulos poderiam muito bem usar escrita cuneiforme. “Deus te abençoe por se liberar do seu apego”, disse a Yawien Julie Zimmermann, uma das raras mulheres a serem vistas vagando pela abóbada escura. “Guardava cerca de 4.000 discos“, disse Yawien.

Um dos discos de Yawien era 1962 Boss Golden Gassers, de Murray The K. Uma linha na parte inferior da capa descrevia o conteúdo como música para tocar enquanto se assiste a uma corrida de submarinos. Um monte de historias da cultura pop foi codificada naquela compilação – com músicas de Shirelles, Etta James e The Edsels (Rama Lama Ding Dong). Não haviam corridas de submarino, é claro. Como o Urban Dictionary irá informá-lo, corrida de submarino é um eufemismo para as coisas que você faz quando as janelas do carro estão embaçadas.

Procura - A música, não as narrativas, é claramente a razão pela qual as pessoas compram vinis antigos. Eles caçam itens cult, estranhos break-beats, impressões feitas em pequenas quantidades por gravadoras obscuras em lugares onde os gêneros e subgêneros pegaram primeiro. “Eu tenho house e Detroit, principalmente”, disse Matt Aracê, um DJ à caça de selos como Kompact. “Compro qualquer gênero”, disse John Rattner, um DJ da Califórnia migrado para o Brooklyn, “exceto techno e house”.

Eles estão procurando coisas como um Serge Gainsbourg encontrado em uma lixeira por 25 dólares ou os discos de Tito Puente e Benny More. É seguro presumir que os compradores também estão, de alguma forma sutil, buscando conexões culturais, o tipo que você só poderia receber de alguém como Sal Siggia.

Siggia estava no Vault, no domingo, vestindo calcas índigo Katharine Hamnett dos anos 80 e vendendo seu tesouro pessoal do período, incluindo um catalogo quase completo do Smiths e uma camiseta do Sex Pistols roubada a muito tempo atrás em um show em São Francisco. “Nunca pensei muito sobre o que eu estava recolhendo. Eu só sabia que valia a pena guardar de alguma forma”, disse Siggia.

O que o fez se sentir muito bem sobre o mercado de domingo, Siggia acrescentou, é que quase tudo o que ele vendeu naquele dia tinha sido adquirido para prazer pessoal e não para revenda. “Tudo que as pessoas compraram foi meu material nos anos 80”, disse. Ou seja, as músicas que ele escutava ou as roupas que usava.

Camisetas de discoteca e uma coleção completa dos discos dos Smiths são, em sua própria maneira, os elementos de uma autobiografia. Foi difícil, perguntaram para Siggia, renunciar a seu tesouro, seus clássicos, suas relíquias? “Não”, ele disse, sem rodeios.

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